Arquivo da categoria ‘Livros’

Já que ficamos de férias da universidade, teremos mais tempo pra nos dedicar ao blog e fazer indicações de livros e filmes. Agora mesmo estou com uma revista fantástica de jornalismo literário que meu orientador me emprestou… Os nossos posts de dicas de livros e filmes, a partir de hoje, seguirão um padrão: Sempre iremos indicar três livros ou três filmes que gostamos e que se enquadram na temática do blog.

Sem mais delongas,nosso post de hoje será sobre livro-reportagem.

A idéia do livro-reportagem nasceu junto com o Novo Jornalismo, já que o clássico “A Sangue Frio” de Truman Capote foi primeiramente publicado em capítulos na revista The New Torker, em 1965, e lançado em livro um ano depois. No livro “Livro-Reportagem” (Editora Contextro, 2006) Eduardo Belo  o afirma que:

A transição dos manuais de redação para o Novo Jornalismo, se deu a partir de uma conseqüência direta do interesse que havia na sociedade pelas histórias humanas, contadas de forma saborosa e muitas vezes em série de reportagens. Uma parte do público fazia questão de guardar aqueles retratos da época, e a idéia de transformá-los em livro acabou parecendo bastante natural.

A função do livro-reportagem, essencialmente, é colocar tudo aquilo que não cabe no jornal. No livro-reportagem, o jornalista não está preso a elementos jornalísticos como rotinas produtivas, constrangimentos organizacionais, limites de toques, deadline e etc.

O primeiro livro-reportagem que iremos citar foi escrito muito antes da denominação Novo Jornalismo, mas é considerado precursor no estilo no Brasil e exemplo na conciliação de jornalismo e literatura.

Estamos falando de “Os Sertões” de Euclides da Cunha, que parte do trabalho de Euclides como correspondente do jornal Estado de São Paulo  na  Guerra de Canudos (1896-1897). O livro foi lançado em 1902 e até hoje é tido como uma das maiores obras escritas por um brasileiro.

Em “Os Sertões”, Euclides da Cunha descreve a vida sertaneja em sua luta diária contra a paisagem e a incompreensão das elites governamentais.

É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. (…)

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O outro livro-reportagem que indicamos é mais recente, trata-se de “Abusado – O Dono do Morro dSanta marta ” de Caco Barcellos, de 2004. É minha gente, nem sempre Caco Barcellos foi esse fanfarrão que figura no Profissão Repórter nas noites de terça-feira, ele já escreveu coisas muito legais, como essa não-ficção, que retrata a ocupação do Comando Vermelho (CV)  na favela Santa Marta, no Rio de Janeiro.

Barcellos narra a história a partir do traficante Juliano VP, e retrata a infância, adolescência, entrada e ascensão no tráfico de drogas na favela. O livro não é apenas um relato sobre a história do tráfico e ocupação do CV. Barcellos mostra  não apenas o lado criminoso de Juliano, mas ressalta seu refinado gosto literária, sua preocupação com a população da favela e seus contatos que iam dos mais violentos chefes do CV até importantes intelectuais cariocas.

Apesar do preço milionário, Juliano não podia ver um telefone público sem tentar fazer algum contato com o Brasil. Cheguei a acompanhar alguns telefonemas que duraram mais de uma hora, o que mostrava que ele continuava muito ligado à vida dos homens da Santa Marra e dos amigos de fora da favela. Numa dessas Iigações, ele falou com o compositor Marcelo Yuca, do grupo O Rappa, que já o havia incentivado a deixar o tráfico. No telefone, Juliano parecia arrependido de ter fugido sem proporcionar a mesma chance de fuga aos homens que ficaram na Santa Marta.

 Isso não é certo, Yuca Eu tô na boa, mas e o meu pessoal, os meus guerreiros, o Pardal, o Rivaldo, o 33? Eles também têm o direito de comer num bom restaurante de Buenos Aires. Eles também querem a paz que eu quero tê. Eu tenho que achá uma solução para essa garotada, cara. Eu errei, Yuca, eu errei!

No ano de lançamento, o livro ganhou o Prêmio Jabuti na categoria reportagem e biografia.

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Por fim, e não menos importante, o último livro desse post, é o livro-reportagem que estou analisando pro meu TCC. Logo, todos sabem que tenho um amor incondicional por ele. O livro é “Chico Mendes- Crime e Castigo” de Zuenir Ventura.

“A mais premiada reportagem sobre o herói dos povos da floresta”. É essa frase que vem estampada na capa do livro, que é uma série de reportagens feitas por Ventura sobre a morte de Chico Mendes, seringalista acreano, referência de luta em favor da proteção da floresta amazônica.

Com mais de 30 anos de experiência com o jornalismo, Zuenir Ventura foi enviado pelo Jornal do Brasli, em 1989,  ao Acre um mês após a morte de Chico. O jornalista que da “Amazônia só conhecia o mapa” fez a primeira série de reportagem “O Acre de de Chico Mendes”, que no mesmo ano ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo e Vladmir Herzog de reportagem.

Um ano após a primeira série, em 1990, Ventura voltou ao Acre para cobrir o julgamento dos assassinos do seringueiro. E quinze anos depois, em 203, retorna novamente ao estamo amazônico para relatar as heranças deixadas por Chico Mendes e as mudanças ocorridas no Acre.

Além de mostrar um Chico Mendes que vá muito além do seringalista, o livro contextualiza o Acre, estado que sempre foi relegado pelo resto do país, e o mais importante, sem aquele estereótipo e preconceito com o qual a grande mídia trata a Região Norte.

Ilzamar é daquelas pessoas a quem as fotos em geral fazem injustiça. Alguma coisa nela dava a absurda ilusão de que ali estava o resultado de três reinos: animal, vegetal e mineral. A pele é provavelmente de bronze. O corpo tem a concisão de uma seringueira e a carne, a carne deve ter a consistência de borracha. Os cabelos eram negros como José de Alencar, por não conhecer Ilzamar, achava que eram os de Iracema.

 

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  • A Sangue Frio Truman Capote

A Sangue Frio é o livro considerado como precursor do jornalismo literário. Foi a partir de sua publicação, em 1966, que o jornalismo aliado à literatura foi denominado de New Jornalism – o Novo Jornalismo.

O livro, considerado um “romance de não ficção” foi publicado inicalmente em quatro capítulos, em 1965, na revista The New Yorker, e conta o assassinato de uma família na cidade de Holcomb, interior do Estado do Kansar, Estados Unidos. Capote descreve desde a idéia inicial do crime até a execução dos assassinos. Em 1966, os fascículos publicados na The New Yorker foram transformados no livro-reportagem que é referencia, até hoje, no pionerismo do jornalismo literário.

O jornalista Tom Wolfe (2005), considerado um dos fundadores do Novo Jornalismo, analisa no livro “Radical Chic e o Novo Jornalismo” (2005) que a publicação de “A Sangue Frio” foi um

 baque terrível para todos que esperavam que o maldito Novo Jornalismo ou Parajornalismo se esgotasse como uma moda. Afinal, ali estava não um jornalista obscuro, nem algum escritor freelance, mas um romancista de longa data… cuja carreira estava meio parada… e, de repente, com aquela virada para a maldita forma de jornalismo, não só ressuscitava sua reputação, mas a elevava mais alto que nunca antes… e, em troca, tornava-se uma celebridade da mais inacreditável magnitude.  Pessoas de todo tipo leram A sangue frio, pessoas de todos os níveis de gosto (…). O próprio Capote não chamava seu livro de jornalismo; longe disso; dizia que tinha inventado um novo gênero literário “o romance de não ficção”. (WOLFE, 2005, p.45-46)

  • Hiroshima – John Hersey


O livro Hiroshima de John Hersey é considerado por muitos a “maior reportagem do século XX”. Um ano após a explosão da bomba atômica na cidade japonesa de Hiroshimam, em 1945, Hersey faz um retrato de seis sobreviventes da explosão. Quarenta anos mais tarde, o repórter reencontra seus entrevistados para escrever o último capítulo das pessoas atingidas pela bomba.


  • Radical Chique e Novo Jornalismo – Tom Wolf


Radical Chique e o Novo Jornalismo
 é uma compilação de artigos e reportagens publicadas por  Tom Wolfe nas décadas de 60 e 70. Assim como Truman Capote, Tom Wolf também é um dos precursores do jornalismo literários.
Na primeira parte, Wolfe narra as origens e o impacto da chegada de sua geração às redações americanas, que passou a empregar técnicas de ficção para fazer reportagens mais completas, intensas e envolventes. Em seguida, três textos clássicos desse novo gênero, rigoroso como o melhor jornalismo e saboroso como a melhor literatura: “O último herói americano”, sobre corridas de stock-car; “A Garota do Ano”, um perfil da socialite “descolada” Baby Jane Holzer, símbolo de um tempo em que já não era o poder que criava o estilo, mas o contrário; e “Radical Chique”, que o narra o famoso encontro entre a elite endinheirada de Nova York e os ativistas negros Black Panthers.
  • Repórteres 


“Repórteres, meu senhor, são pessoas que perguntam.”  – É com essa frase que Audálio Dantas começa a apresentação de Repórteres livro que reúne a experiência e história inuxitadas dos principais jornalistas brasileiros que trabalham com a estética do Jornalismo Literário. Entre eles, Caco Barcelos, José Hamilton Ribeiro, Joel Silveira, Carlos Wagner, Ricardo Kotscho e, representando a Amazônia, Lúcio Flávio Pinto.
  • Jornalismo Literário – Felipe Pena


Livro fundamental para estudantes de Comunicação e interessados em saber o que é Novo Jornalismo. Felipe Pena explica em uma linguagem simples o que é uma reportagem e o jornalismo literário. Ressalta a contextualização, apuração detalhada, romper as barreiras do lead e da pirâmide invertida como características desse gênero. Pena ainda destaca alguns subgêneros em que se pode exercer o jornalismo literário, como crítica literária, biografia, romance-reportagem, e discute o limite entre ficção e realidade.