Livro-reportagem – A extensão do jornal

Publicado: junho 10, 2019 em Jornalistas, Livros, Reportagem
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Já que ficamos de férias da universidade, teremos mais tempo pra nos dedicar ao blog e fazer indicações de livros e filmes. Agora mesmo estou com uma revista fantástica de jornalismo literário que meu orientador me emprestou… Os nossos posts de dicas de livros e filmes, a partir de hoje, seguirão um padrão: Sempre iremos indicar três livros ou três filmes que gostamos e que se enquadram na temática do blog.

Sem mais delongas,nosso post de hoje será sobre livro-reportagem.

A idéia do livro-reportagem nasceu junto com o Novo Jornalismo, já que o clássico “A Sangue Frio” de Truman Capote foi primeiramente publicado em capítulos na revista The New Torker, em 1965, e lançado em livro um ano depois. No livro “Livro-Reportagem” (Editora Contextro, 2006) Eduardo Belo  o afirma que:

A transição dos manuais de redação para o Novo Jornalismo, se deu a partir de uma conseqüência direta do interesse que havia na sociedade pelas histórias humanas, contadas de forma saborosa e muitas vezes em série de reportagens. Uma parte do público fazia questão de guardar aqueles retratos da época, e a idéia de transformá-los em livro acabou parecendo bastante natural.

A função do livro-reportagem, essencialmente, é colocar tudo aquilo que não cabe no jornal. No livro-reportagem, o jornalista não está preso a elementos jornalísticos como rotinas produtivas, constrangimentos organizacionais, limites de toques, deadline e etc.

O primeiro livro-reportagem que iremos citar foi escrito muito antes da denominação Novo Jornalismo, mas é considerado precursor no estilo no Brasil e exemplo na conciliação de jornalismo e literatura.

Estamos falando de “Os Sertões” de Euclides da Cunha, que parte do trabalho de Euclides como correspondente do jornal Estado de São Paulo  na  Guerra de Canudos (1896-1897). O livro foi lançado em 1902 e até hoje é tido como uma das maiores obras escritas por um brasileiro.

Em “Os Sertões”, Euclides da Cunha descreve a vida sertaneja em sua luta diária contra a paisagem e a incompreensão das elites governamentais.

É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. (…)

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O outro livro-reportagem que indicamos é mais recente, trata-se de “Abusado – O Dono do Morro dSanta marta ” de Caco Barcellos, de 2004. É minha gente, nem sempre Caco Barcellos foi esse fanfarrão que figura no Profissão Repórter nas noites de terça-feira, ele já escreveu coisas muito legais, como essa não-ficção, que retrata a ocupação do Comando Vermelho (CV)  na favela Santa Marta, no Rio de Janeiro.

Barcellos narra a história a partir do traficante Juliano VP, e retrata a infância, adolescência, entrada e ascensão no tráfico de drogas na favela. O livro não é apenas um relato sobre a história do tráfico e ocupação do CV. Barcellos mostra  não apenas o lado criminoso de Juliano, mas ressalta seu refinado gosto literária, sua preocupação com a população da favela e seus contatos que iam dos mais violentos chefes do CV até importantes intelectuais cariocas.

Apesar do preço milionário, Juliano não podia ver um telefone público sem tentar fazer algum contato com o Brasil. Cheguei a acompanhar alguns telefonemas que duraram mais de uma hora, o que mostrava que ele continuava muito ligado à vida dos homens da Santa Marra e dos amigos de fora da favela. Numa dessas Iigações, ele falou com o compositor Marcelo Yuca, do grupo O Rappa, que já o havia incentivado a deixar o tráfico. No telefone, Juliano parecia arrependido de ter fugido sem proporcionar a mesma chance de fuga aos homens que ficaram na Santa Marta.

 Isso não é certo, Yuca Eu tô na boa, mas e o meu pessoal, os meus guerreiros, o Pardal, o Rivaldo, o 33? Eles também têm o direito de comer num bom restaurante de Buenos Aires. Eles também querem a paz que eu quero tê. Eu tenho que achá uma solução para essa garotada, cara. Eu errei, Yuca, eu errei!

No ano de lançamento, o livro ganhou o Prêmio Jabuti na categoria reportagem e biografia.

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Por fim, e não menos importante, o último livro desse post, é o livro-reportagem que estou analisando pro meu TCC. Logo, todos sabem que tenho um amor incondicional por ele. O livro é “Chico Mendes- Crime e Castigo” de Zuenir Ventura.

“A mais premiada reportagem sobre o herói dos povos da floresta”. É essa frase que vem estampada na capa do livro, que é uma série de reportagens feitas por Ventura sobre a morte de Chico Mendes, seringalista acreano, referência de luta em favor da proteção da floresta amazônica.

Com mais de 30 anos de experiência com o jornalismo, Zuenir Ventura foi enviado pelo Jornal do Brasli, em 1989,  ao Acre um mês após a morte de Chico. O jornalista que da “Amazônia só conhecia o mapa” fez a primeira série de reportagem “O Acre de de Chico Mendes”, que no mesmo ano ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo e Vladmir Herzog de reportagem.

Um ano após a primeira série, em 1990, Ventura voltou ao Acre para cobrir o julgamento dos assassinos do seringueiro. E quinze anos depois, em 203, retorna novamente ao estamo amazônico para relatar as heranças deixadas por Chico Mendes e as mudanças ocorridas no Acre.

Além de mostrar um Chico Mendes que vá muito além do seringalista, o livro contextualiza o Acre, estado que sempre foi relegado pelo resto do país, e o mais importante, sem aquele estereótipo e preconceito com o qual a grande mídia trata a Região Norte.

Ilzamar é daquelas pessoas a quem as fotos em geral fazem injustiça. Alguma coisa nela dava a absurda ilusão de que ali estava o resultado de três reinos: animal, vegetal e mineral. A pele é provavelmente de bronze. O corpo tem a concisão de uma seringueira e a carne, a carne deve ter a consistência de borracha. Os cabelos eram negros como José de Alencar, por não conhecer Ilzamar, achava que eram os de Iracema.

 

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